terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Entrevista #03: Black Drawing Chalks

Imerso no coletivo GOMA de cultura, surge o Mídias Integradas Uberlandenses (MIU), uma forma de alinhar e compartilhar a cobertura cultural da cidade de Uberlândia. E eu faço parte dessa empreitada. Sendo assim agora será cada vez mais comum o aparecimento de entrevistas, vídeos de cobertura e outros materiais por aqui.

Foto: Luiz Maximiano

Segue a entrevista que eu e a Marthayza do Só o Rock Salva fizemos com o Black Drawing Chalks no dia 23/04/10.

Vocês tiveram a música “My favorite Way” eleita a melhor do ano de 2009 pela Rolling Stones, e agora as indicações pro VMB da MTV Brasil. Como vocês avaliam isso?
O reconhecimento na verdade vem das apostas que a gente fez nos ano de 2008. A gente decidiu que queria pegar a estrada, nem que a gente tivesse que pagar pra ir, a gente queria mostrar nossa cara. Todo mundo achou que a gente tava indo longe demais, porque a gente canta em inglês, que a gente tava tentando enfiar nosso som na goela das pessoas, quando na verdade o que a gente fez deu muito certo pra gente. A gente deu nosso primeiro rolê bancando a nossa banda, e conseguimos aproveitar bem as oportunidades que a gente teve. E em 2009 nós colhemos os frutos. Esse ano a gente quer trabalhar ainda mais e atingir outros sonhos.



Muita gente acredita que há um hype em torno da banda, já que vocês estão bastante em evidência na mídia especializada. Vocês acreditam nisso?
Se rolasse ia ser massa. O objetivo da banda é passar por tudo o que os caras das bandas que a gente gosta passaram. Se a gente passar por um limbo criativo, se a gente não conseguir criar mais nada, a gente sabe que alguma banda que a gente gosta já passou por isso. Se a gente gravar o terceiro CD e alguém falar “Nossa, esse cd é um lixo!” ou “Vocês estão vendidos” é tudo o que a gente quer, passar pelas coisas que nossos ídolos passam. Se alguém falar “Vocês são só hype”, massa, pode falar! (risos)

O Douglas e o Vitor fazem parte do laboratório de design gráfico Bicicleta Sem Freio. Como é a ligação entre Black Drawing Chalks e o coletivo?
Primeiro queria falar que o BDC não é hype, Bicicleta é hype! (risos) Na verdade o Bicicleta Sem Freio já existia, bem tímido, antes da banda. Aí depois que a banda começou a ser notada no Brasil e nos outros lugares que a gente tocou, como no Canadá, a gente teve a sábia idéia de incorporar os trabalhos que a gente faz à banda, para os dois trabalhos caminharem juntos. O BSF divulga a banda e a banda divulga o BSF. É uma coisa que deu muito certo pra gente. Nós fomos convidados para fazer uma campanha mundial da Converse com o lance do BSF e para a gente ta sendo legal porque as duas coisas estão crescendo juntas. E a diferença é que com o BSF a gente (Vitor e Douglas) ganha dinheiro, esses caras aí não tão ganhando. (risos)

Vocês bancaram uma turnê fora do Brasil, do próprio bolso. O que vocês aprenderam com essa experiência?
A gente se tocou que tinha que melhorar no palco foi na gringa mesmo, porque você chega lá e percebe que todo mundo sente um conforto muito grande com o palco. Todo mundo paga de rock star. A gente prestou bastante atenção em como as bandas se comportavam. E aí a gente vê que tem uma diferença muito grande, que é o lance do foco. Aqui o que as bandas pensam é “Ah, tenho que aprender a fazer o solo do Satriani de trás pra frente” e lá não, os caras estão pensando em outras coisas, sabe. Aqui pensam “ah, porque vou me vestir legal se já sei tocar?!” quando na verdade a banda que o cara mais gosta tem um estilo tipo o do Kiss. O cara gosta da música ou gosta do visual traveco? Por causa dos dois, visual anda junto com a música e se você tem ídolos olhe pra ele, e veja como eles se comportam. Se você quer mexer com rock você tem que ter a pretensão que esses caras tiveram. Na verdade a ingenuidade ta nisso, de você achar que você pode ser um rock star!

Como foi trabalhar com o Chuck Hipólito no projeto Love Bazucas?
Uma brincadeira! Foi um projeto super gostoso de fazer, que se a galera levar na esportiva igual a gente leva vai se divertir muito mais. Foi uma coisa muito divertida, sabe. A gente tem nossa banda, o Chuck tem os projetos dele, a gente se juntou por uma semana e fez aquelas músicas na hora.

Muitas bandas do interior do Brasil vão pra São Paulo em busca de sucesso comercial. Mas as bandas de Goiânia não têm essa dificuldade, mantêm as bases lá. O que Goiânia tem de diferente?
Pra gente ir pra São Paulo é mais barato que morar lá. Goiânia fica no centro do país, então todo lugar que a gente for sai mais barato e é mais fácil. É um pouco negativo pra uma banda que quer crescer estar no lugar onde rolam as coisas. Você monta uma banda, aí na sua cidade rola uns shows legais, rola um público legal, e o que vai te motivar a sair? A banda sai uma vez, vai numa cidade que o show é horrível e nunca mais sai de novo. É legal as bandas garimparem seus shows, correr atrás. Tem muita banda em Goiânia conformada com a patota deles. O lance é viajar. O nosso lance não é ficar em casa tocando.

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